segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Etapa 3 Redondela ==> Barros (29 kms)


Terceiro dia terceira etapa, hoje foi um dia para repensar o sucesso da travessia em 4 dias, digamos que os últimos dois dias não foram os mais simpáticos dos últimos tempos, e que hoje com uma travessia agendada de perto de 40 kms, rápido foi a perda de vontade de conseguir tamanha distância. Pelas 7 da manhã já em Arcade uma vila a 8 kms do albergue de Redondela, surgiram as primeiras dúvidas e foi notório o cansaço acumulado nos dois dias anteriores, ai e ainda apenas com duas horas de caminhada tinha-me decidido em desistir de ir até Caldas de Rei e apenas fazer os 18 kms até Pontevedra, local onde iria aproveitar para recobrar forças e comer um bruto dum hambúrguer no Macdonald’s. Só me passava isso pela cabeça.



Como afinal a etapa ia ser aproximadamente metade das dos dias anteriores dei-me ao luxo de descansar em demasia e fazer um ritmo bastante lento. Na minha cabeça só passava a ideia de ser o primeiro a chegar ao albergue e poder assim escolher uma cama bem localizada. Assim pensava eu atendendo às 2 horas no mínimo que levava dos restantes caminhantes. Isso não fo inteiramentei verdade e numa pausa com direito a sono uns 5 kms antes do albergue de Pontevedra fora apanhado por um casal inglês e os 4 alemães divertidos que me seguiam desde o início da minha jornada.

Ganho um novo moral para conseguir ainda assim chegar em primeiro, os últimos kms foram mais rápidos e pelas 11:30 estava em Pontevedra. 1 hora de sesta e a cabeça e corpo restaurados admiti que seria melhor avançar mais um pouco para não ter de suportar uma etapa de 40 kms no dia seguinte.

Estava decidido às 13:30 partiria para uma de duas opções: Barro ou Briallo, se bem que a primeira não seria a mais desejada por não ter camas, apenas o chão duro e cru.


São 17:00 estou num pequeno pátio para as crianças, a apanhar o Sol pelas costas uma brisa leve e suave a acariciar-me e um lugar sem cama, colchão ou saco cama. Decidi-me a ficar por Barro contra todas as probabilidades e parece-me que terá sido o melhor, o edifício estava reservado para uma escola de Tondela e deveria estar fechado a eles apenas, com a nossa cara de desapontamento, nossa por que nesta fase já acompanhava um casal amigo Inglês de Manchester, lá conseguimos um lugar. Os simpáticos portugueses deram-nos abrigo.
Como não poderia deixar de ser apesar de andarmos sozinho, cada qual ao seu ritmo todos sabemos onde cada um anda e desde logo avisei que viria um casal espanhol atrás para pernoitar aqui também.



Conclusão: 2 ingleses, 4 alemães, 2 espanhóis, 3 italianos, e 22 portugueses. O melhor é que a escola vêem carregada com comida nacional e cozinheiro, está-me a parecer que esta noite vou comer como deve ser.

[22:00] Caldo Verde, umas tripas e muito convívio à mistura animaram a noite. No final os mais cansados foram deitar-se ficando alguns para uma troca de experiências e uma conversa noite adentro. Com o casal espanhol aprendi a teoria das estradas galegas.

Segundo eles a maneira de escolher o traçado duma estrada era largar um burro e seguir o burro, por onde ele for será feita estrada o resto é paisagem.

Dos portugueses ganhei um saco cama para me ajudar a suportar melhor o chão frio.

Conclusão: Condições péssimas comparadas com os outros albergues, no meio de nada mas que foi eliminado por um dos melhores convívios a que tive direito. Ser peregrino não é só andar mas conhecer gente do melhor que há. Existe sempre no ar aquele espírito de partilha e entre ajuda presente, e a isso tenho de agradecer, porque foi o que mais me ensinou nesta longa caminhada.


Como dizia o meu bom amigo Teodoro:

“Aqui não existem nacionalidades, só peregrinos com o mesmo objectivo. Seja nesta noite ou na longa travessia assim o será sempre!”

Deitei-me com esta sábias palavras na cabeça.

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